Monday, June 25, 2007

O capitalismo na História

Li que um advogado registou o nome Inês de Castro como uma marca de sua propriedade. É escandaloso e revela a sociedade em que vivemos. Em primeiro lugar, uma parte da classe dos advogados, que entorpece a sociedade (portuguesa, neste caso) através da publicação de legislação labiríntica que o comum dos mortais não consegue penetrar, nem que seja por falta de tempo, vale-se do conhecimento que tem dessa parafernália legal para espoliar os restantes cidadãos. Pretendem ser peças do sistema de justiça, mas são na realidade peças chave no sistema de injustiça portuguesa. Em segundo lugar, trata-se de uma apropriação que, mesmo legal, é certamente imoral e abusiva, uma vez que se trata de se apoderar, com resultados financeiros, de um nome que faz parte da história de um país. O nome de Inês de Castro, com verdade histórica ou enfeitado com contornos lendários, aparece ligado a um episódio trágico que é conhecido de toda a Europa culta e daí a cobiça que o seu nome suscitou.

Terá o Estado Português que registar Infante D.Henrique, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, D.Dinis e tantos outros antes que alguém o faça por motivos exclusivamente mercantis? Qual será a posição de António Ferreira e d’«A Castro» actualmente?

Vamos ter sabonete Rainha D.Leonor, facas Afonso Henriques, selas D.Duarte ou fósforos Inquisição?

Não devemos viver da História, mas devemos conhecê-la e respeitar os seus actores.



No comments: