Thursday, May 31, 2007

Aqui não entra quem não seja geómetra

Aqui não entra quem não seja geómetra, dizia Platão a quem queria entrar para a sua escola. Queria ele dizer que para se ser filósofo era necessário conhecer as ciências exactas.
Na sociedade actual, muito especializada, tende-se a esquecer este princípio, e aceita-se que uma pessoa seja muito culta se conhecer bem um determinado ramo das ciências, mesmo que seja aquele em que exerce a sua profissão. É uma deformação bastante comum e que leva a que um professor de História, por exemplo, seja considerado um espírito superior a um gestor, só porque pode contar aos amigos espisódios interessantes protagonizados pelos nossos antepassados. O gestor, ou o engenheiro, ou o matemático, ou o comerciante, etc. , só têm coisas consideradas prosaicas para contar, que são consideradas aborrecidas embora, por vezes, sejam muito esclarecedoras de fenómenos e comportamentos que interactuam na vida quotidiana de cada um. Ou seja, no meu entender, só é efectivamente dotado de cultura superior aquele que tem conhecimentos além da sua profissão, por exemplo, uma pessoa das chamadas Letras que discute Ciência e vice-versa.

Tuesday, May 29, 2007

Clubite

Os media tentam ser clubizar (ou futebolar) todos os assuntos. A última moda é aplicar este conceito a operações financeiras. Por exemplo, a OPA sobre a PT e a assembleia do BCP foram tratadas na imprensa em geral como se o comum dos cidadãos tivesse algum interesse em que uma das partes ganhasse, e as referidas questões não fossem mais do que determinar o melhor processo de esmifrar mais dinheiro ao consumidor para aumentar os lucros, já de si faraónicos, das instituições.

Monday, May 28, 2007

A Ota, ou melhor o aeroporto

Porque será que se movimentam interesses colossais em torno da localização do novo aeroporto de Lisboa?
Deve ser porque esses interesses detectam uma vontade política de o realizar, coisa que nunca aconteceu antes, apesar de o assunto ser muito discutido e estudado

Madeleine McCann

Devido ao melindre do assunto tinha pensado não me referir a ele especificamente neste local. Fiz uma referência genérica noutro contexto e acho que teria ficado por aí se não fosse a exploração de um circo mediático-religioso feita pelos pais da infeliz criança.
Soube-se hoje que o Sr XVI resolveu conceder uma audiência aos ditos pais, para lhes dizer onde está a filha, com certeza. Se se consulta a autoridade suprema na Terra abaixo de deus, o resultado só pode ser esse eu não tenho dúvidas.
A estupidez das vigílias, peregrinações, visitas, missas, velas e outras actividades dirigidas a entidades imaginárias, está patente no facto de que nenhum dos intervenientes se questionar o que estariam essas divindades a fazer quando a menina foi raptada. Estavam a assobiar para o lado, e não viram nada.
Entretanto sabe-se que o pais de Madeleine receberam ajuda financeira milionária, contrataram advogados carissimos, acessores de imprensa, e que até se apresentaram videntes para ajudar.
Declaram que não voltarão a casa sem a filha, muito bem, mas a maioria das pessoas teria que voltar para os seus empregos, por muito em baixo que estivessem.

Sunday, May 27, 2007

O público e o privado

No blog Esquerda Republicana aparece um artigo intitulado "Separar o trigo do joio", que, a propósito de acontecimentos recentes em universidades privadas (Independente e Moderna) exprime a opinião de que o dogma "tudo o que é privado é bom" tem levado a grandes disparates. Não posso estar mais de acordo, até porque sou contra todos os dogmas ou pressupostos absolutos e imutáveis.
Verifica-se, no entanto, que a política geral do nosso país nos últimos 20 anos se tem pautado pela destruição sistemática do sector público, mesmo daquele que corresponde a actividades que por motivos de segurança nacional deveria manter-se na posse do Estado Português.
Daí poder-se prever que o dogma enunciado por Ricardo Alves se transforme dentro de algum tempo em "tudo o que há é privado".

Quem nos governa?

Esta é uma questão muito importante e a que eu tenderia a responder: são os senhores PSI20, IBEX, CAC40, FTSE, DAX, NASDAQ, etc..

Saturday, May 26, 2007

Inundação de informação

Em conversa com alguns amigos chegámos rapidamente à conclusão que, uns mais e outros menos, nos estávamos a alhear do que se passa em torno de nós, do comportamento geral da sociedade até muitos fait-divers.

Depressa concluimos que estamos a abandonar a consulta aos orgãos de comunicação escritos e a deixar de fazer parte das audiências dos meios audio-visuais. Será a culpa nossa, será nosso o desinteresse?
Falndo por mim, digo peremptoriamente que não, que continuo interessado no meio em que estou inserido, só que os referidos media não proporcionam a informação que me interessa.
Todos os media são propriedade de alguém, no sentido de que não pertencem à sociedade em geral, mas a um grupo particular, seja ele económico, político, religioso, clubista, etc.. E, se alguns dão lucro, outros dão prejuízo, mas este último é coberto pelas vantagens, monetárias ou não, obtidas noutros campos.
Nestas condições é o público em geral bombardeado com "notícias" absolutamente inúteis, sendo por vezes notória a notícia que é "não temos nada de novo". O tempo é precioso e gasto de uma forma completamente inútil para os visados, mas muito útil para quem quer comandar as consciências, uma vez que impede o seu emprego na aquisição de conhecimentos válidos, que levem a pensar e eventualmente a contestar a maneira como a sociedade está a ser gerida.
Nos últimos tempos tem esta tendência sido agravada, com os casos da licenciatura do Primeiro-Ministro, da Câmara de Lisboa, dos ditos do Ministro das Obras Públicas, do aeroporto da Ota e da menina raptada no Algarve.
Pensemos: independentemente da maneira como cada caso afecta pessoalmente os intervenientes (sendo um dos casos uma tragédia), que influência têm realmente na evolução do País?
Há gente interessada em que não se pense, para que as soluções propostas sejam bem aceites, ou seja, há quem queira anestesiar os cérebros para poder actuar.

Wednesday, May 23, 2007

Agnósticos, ateus e religiões

A palavra religiões aparece no título, porque é a origem das outras, se não houvesse religiões não havia ateus ou agnósticos. As religiões aparecem para solucionar, para algumas pessoas, o problema da chamada salvação. Esta salvação não deve ser entendida como o é pelos judaico-cristãos, mas de uma forma mais lata, que se pode resumir como o objectivo de dar sentido à vida e conseguir a plena integração do individuo no meio, que para os estóicos era o cosmos e para os cristãos é a obtenção do paraíso.
Há pessoas que pretendem conseguir esse objectivo por si próprias, impondo regras de comportamento a si próprias, de forma a que a sua filosofia de vida os leve a um desenvolvimento harmonioso das relações com tudo o que os rodeia e necessitam de meditar nos seus objectivos e na maneira de os conseguir (é um grande só). Como não precisam que uma entidade designada por deus lhes dite o comportamento são chamadas ateus.
Outras pessoas, pelo contrário, precisam que alguém lhes diga o que e como fazer para atingir os mesmos objectivos, e como tem que ser alguém muito superior inventam deuses, que por processos mais ou menos sofisticados comunicam com os terrestres, exigindo-lhes comportamentos que lhes agradem. E assim aparecem as religiões, que, quando organizadas por peritos são um factor de alienação e de dominação das sociedades.
Quanto aos agnósticos, sempre achei esta coisa, ou seja, de se afirmar agnóstico, uma posição muito estranha, estilo enterrar a cabeça na areia. Esta minha estranheza agrava-se com o facto de a maioria das pessoas que se declaram agnósticas serem, ou pretenderem ser pensadores ou até filósofos. Afirmar que não se sabe se deus, ou melhor um deus existe ou não porque nunca se viu é o mesmo que afirmar que não se sabe se existem marcianos ou cavalos verdes, porque nunca se viu nenhum.
Cabe a quem faz uma afirmação prová-la e não o contrário, é na maior parte das vezes impossível provar a negação, exactamente pela sua própria natureza negativa. O ser é que deve ser provado, e portanto sendo o número de possibilidades negativas infinito é inútil ficarmos à espera que uma se torne em positiva para extrairmos as nossas conclusões.
Finalmente e para responder concretamente à pergunta tema do debate: o agnosticismo é a ausência de racionalização dos problemas, a religião é a transferência desses problemas (passar a batata-quente) e o ateismo é a assunção desses problemas de frente e com a coragem que a vida nos exige.

Debate interblogues, “Será o agnosticismo mais racional que o ateísmo?”, promovido por Helder Sanches

Wednesday, May 16, 2007

Livros a ler

Les bienveillantes - Jonathan Littel
La planète des saints -François Reynaert

Diferentes, mas muito bons, cada um no seu género.
Uma obra monumental sobre o período nazi e, para aliviar da tragédia, um livro cheio de bom humor.

Friday, May 04, 2007

Haxixe barato em Portugal

O haxixe é mais barato em Portugal que nos outros membros da União Europeia, segundo a Lusa.
Deve ser das poucas coisa em que isso acontece, porque será?

Finalmente, mas não tanto...

O Presidente da Câmara de Lisboa não renuncia, a vergonha continua. Esta gente ainda não percebeu que deve servir os contribuintes que lhe pagam e não o contrário.

Thursday, May 03, 2007

Finalmente

Depois de muito tergiversar, o PSD decidiu finalmente que a dissolução da Câmara de Lisboa era a melhor solução para a cidade. Agora vão todos pensar se também se deve dissolver a Assembleia Municipal. Enquanto estas sumidades pensam e resolvem a cidade degrada-se e a dívida aumenta.
Há soluções que são mais que evidentes e que só mesquinhos interesses partidários, que não têm nada a ver com os interesses da população, impedem que se concretizem de forma célere.