Vem este comentário a propósito de uma notícia do Público do dia 1 de Julho em que se refere que no hospital de Badajoz se fazem cursos de português frequentados por algumas centenas de pessoas para darem assistência conveniente às parturientes e familiares, assim como para alargarem os serviços prestados a outras especialidades médicas que a diminuta população de Elvas merece, mas a que não tinha direito.
Regozijo-me com o facto de bebés portugueses estarem a provocar a disseminação da nossa língua, que é sem dúvida o veículo primordial para a nossa cultura, e enquanto houver língua e cultura há Nação.
Na mesma notícia refere-se que durante um ano de vigência deste regime nasceram em Badajoz 260 portugueses entre o total de 3000 crianças cujo nascimento ali teve lugar o que corresponde a 95% dos partos da região o que demonstra que os portugueses são pobres, mas não são parvos, e escolhem o melhor.
"Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha."
Bernardo Soares, O livro do Dessassossego
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